Você já se perguntou por que algumas mulheres navegam tranquilamente pela vida hormonal enquanto outras enfrentam TPM intensa, enxaquecas cíclicas, retenção de líquidos e aquela sensação de estar constantemente inchada? A resposta pode estar escondida em quatro letras: COMT.
Essa enzima silenciosa trabalha nos bastidores do seu metabolismo hormonal, decidindo o destino de cada molécula de estrogênio que circula pelo seu corpo. E quando ela não funciona direito, o estrogênio que deveria ser eliminado acaba se acumulando — criando um efeito dominó de sintomas que você provavelmente atribui a “ser mulher”.
Mas aqui está o que poucos te contam: esse processo tem nome, tem lógica e, principalmente, tem solução.
O Que É COMT E Por Que Ela Importa Para Seus Hormônios
COMT é a sigla para Catecol-O-Metiltransferase — um nome complicado para uma enzima com um trabalho essencial: inativar e preparar para eliminação não apenas neurotransmissores como dopamina e adrenalina, mas também os metabólitos do estrogênio.
Pense na COMT como a equipe de limpeza que entra em ação depois da festa. Depois que o estrogênio cumpre suas funções no corpo, ele precisa ser metabolizado e eliminado. Esse processo acontece principalmente no fígado, em duas fases distintas.
Na Fase 1, o estrogênio é transformado em metabólitos chamados catecolestrogênios — compostos intermediários que, se não forem rapidamente processados, podem causar problemas. É aqui que a COMT entra em cena, na Fase 2, adicionando um grupo metil a essas moléculas através de um processo chamado metilação.
Quando a metilação funciona bem, esses metabólitos são neutralizados e seguem para eliminação via urina e fezes. Quando não funciona, eles se acumulam — e começam os sintomas.
Metilação Lenta: Quando Seu Corpo Não Consegue Limpar o Estrogênio
Cerca de 20-30% da população carrega variações genéticas no gene COMT que tornam essa enzima mais lenta. A variante mais estudada é a Val158Met, onde uma simples troca de aminoácido reduz a atividade da enzima em até 40%.
Mas genética não é destino. Mesmo quem não tem essas variações pode ter a COMT funcionando abaixo do ideal por outros motivos: deficiência de magnésio, falta de vitaminas do complexo B (especialmente B2, B6, B9 e B12), excesso de estresse oxidativo, ou sobrecarga tóxica.
O resultado? Catecolestrogênios se acumulam e podem ser convertidos em quinonas — compostos que geram radicais livres e danificam o DNA celular. Estudos mostram que esse acúmulo está associado a maior risco de condições estrogênio-dependentes e sintomas de dominância estrogênica.
E aqui está o ponto: você pode estar produzindo quantidades normais de estrogênio, mas se não consegue eliminá-lo adequadamente, o efeito final é o mesmo de ter estrogênio em excesso.
Os Sinais De Que Sua COMT Pode Estar Sobrecarregada
Como saber se a metilação de estrogênio está comprometida? Seu corpo envia sinais claros:
Sintomas clássicos de dominância estrogênica: TPM intensa com irritabilidade e ansiedade, seios doloridos e inchados antes da menstruação, retenção de líquidos cíclica, ganho de peso concentrado em quadris e coxas, enxaquecas que pioram com as flutuações hormonais.
Mulheres com COMT lenta frequentemente relatam que se sentem “presas” em um ciclo de sintomas que pioram mês após mês. A enxaqueca hormonal é particularmente comum, surgindo na queda brusca de estrogênio antes da menstruação.
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Além disso, há sintomas menos óbvios: dificuldade para lidar com estresse, sensibilidade aumentada a cafeína e álcool, alterações de humor relacionadas ao ciclo, e até mesmo maior sensibilidade a medicamentos e suplementos.
Curioso como tudo isso se conecta, não é? A COMT não trabalha sozinha — ela faz parte de uma rede complexa de vias de detoxificação que incluem o intestino, o fígado e até mesmo a microbiota.

O Papel Do Intestino Na Eliminação De Estrogênio
Mesmo quando a COMT faz seu trabalho perfeitamente, há outro jogador crítico nessa história: seu intestino.
Depois que o estrogênio é metabolizado no fígado, ele é enviado para o intestino através da bile para ser eliminado. Mas aqui mora um problema: certas bactérias intestinais produzem uma enzima chamada beta-glucuronidase, que pode “desconjugar” o estrogênio — basicamente, reativá-lo para que seja reabsorvido na circulação.
Esse fenômeno é chamado de recirculação êntero-hepática, e ele explica por que mulheres com disbiose intestinal frequentemente têm sintomas de excesso de estrogênio mesmo quando os níveis sanguíneos parecem normais. O estroboloma — o conjunto de bactérias que metabolizam estrogênio — precisa estar equilibrado.
Constipação crônica agrava ainda mais o problema. Se você não evacua diariamente, o estrogênio fica mais tempo em contato com essas enzimas bacterianas, aumentando a chance de reabsorção.
Como Apoiar A Metilação E A Detoxificação De Estrogênio
A boa notícia é que você pode otimizar esse processo através de estratégias nutricionais e de estilo de vida precisas.
Nutrientes essenciais para metilação: A COMT depende de doadores de metil para funcionar. Os principais são as vitaminas do complexo B — especialmente B12 (metilcobalamina), B9 (metilfolato) e B6 (piridoxal-5-fosfato). Magnésio também é cofator essencial, presente em folhas verdes escuras, sementes de abóbora e cacau.
Betaína (trimetilglicina), encontrada em beterraba e quinoa, é outro doador de metil potente. Colina, presente em ovos e fígado, também suporta a metilação e a saúde hepática.
Alimentos que apoiam a detoxificação: Vegetais crucíferos como brócolis, couve-flor, repolho e couve contêm compostos como indol-3-carbinol e sulforafano, que direcionam o metabolismo de estrogênio para vias mais seguras. O ideal é consumir pelo menos uma porção diária.
Fibras solúveis e insolúveis são fundamentais para “sequestrar” o estrogênio no intestino e garantir sua eliminação. Sementes de linhaça moídas são particularmente eficazes, fornecendo tanto fibras quanto lignanas que modulam o metabolismo hormonal.
O que evitar: Álcool sobrecarrega o fígado e compete pelas mesmas vias de detoxificação. Xenoestrogênios — compostos que imitam estrogênio encontrados em plásticos, pesticidas e produtos de beleza convencionais — aumentam a carga total de estrogênio que seu corpo precisa processar.

Quando Investigar Além Da Dieta
Às vezes, mudanças alimentares não são suficientes. Se você já otimizou sua nutrição e ainda apresenta sintomas persistentes de dominância estrogênica, pode ser hora de investigar mais profundamente.
Testes funcionais podem avaliar os metabólitos de estrogênio na urina, mostrando exatamente quais vias estão sendo priorizadas e se há acúmulo de metabólitos problemáticos. Essa informação permite intervenções muito mais precisas.
Testes genéticos para variantes da COMT também podem ser úteis, especialmente se você tem histórico familiar de condições estrogênio-dependentes ou sintomas que não respondem às abordagens convencionais.
Em alguns casos, suplementação direcionada com compostos como DIM (diindolilmetano), cálcio-D-glucarato, ou N-acetilcisteína pode ser necessária para apoiar as vias de detoxificação. Mas isso deve ser feito sob orientação profissional, porque o equilíbrio hormonal é delicado.
A abordagem da Clínica Rigatti vai além de protocolos genéricos. Investigamos os diferentes tipos de estrogênio e seus metabólitos, avaliamos a função hepática e intestinal, e criamos estratégias personalizadas que tratam a raiz do desequilíbrio.
A Metilação É Apenas Uma Peça Do Quebra-Cabeça Hormonal
Entender a COMT e a metilação de estrogênio é como descobrir uma peça que faltava no quebra-cabeça da sua saúde hormonal. De repente, sintomas que pareciam aleatórios começam a fazer sentido.
Mas é importante lembrar: a metilação não acontece isoladamente. Ela está conectada à saúde do seu fígado, à composição da sua microbiota intestinal, ao seu status de nutrientes, ao seu nível de estresse oxidativo e até mesmo à qualidade do seu sono.
Quando você trata apenas um aspecto — digamos, toma um suplemento de metilfolato — sem abordar o contexto completo, os resultados são limitados. O corpo funciona como um sistema integrado, e a verdadeira transformação acontece quando você respeita essa complexidade.
A dominância estrogênica não é uma sentença. É um sinal de que algo no seu metabolismo hormonal precisa de atenção. E quando você identifica onde está o gargalo — seja na metilação, na eliminação intestinal, na produção excessiva ou na exposição a xenoestrogênios — você finalmente consegue intervir no ponto certo.
Seu corpo não está falhando. Ele está pedindo suporte nos lugares certos.
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