Você já passou por aquela situação em que a cólica menstrual é tão intensa que paralisa seu dia? Ou percebeu que seu fluxo menstrual está cada vez mais abundante, exigindo trocas frequentes de absorvente? Muitas mulheres convivem com esses sintomas achando que é “normal” — mas aqui está o que poucos te contam: por trás dessa dor e desse sangramento excessivo podem estar duas condições distintas, porém frequentemente confundidas: adenomiose e endometriose.
Ambas envolvem o tecido endometrial — aquele que reveste o útero e descama durante a menstruação. Mas enquanto uma age de dentro para fora, a outra se espalha para além das fronteiras uterinas. E entender essa diferença é o primeiro passo para buscar o tratamento correto.
Vamos descomplicar essas duas condições e mostrar os sinais que seu corpo está enviando.
O Que Acontece em Cada Condição
Imagine o útero como uma casa de duas camadas: a camada interna (endométrio) e a parede muscular (miométrio). Na adenomiose, o tecido endometrial invade essa parede muscular, criando bolsões inflamatórios dentro do próprio útero. É como se a tinta da parede interna começasse a penetrar na estrutura de concreto.
Já na endometriose, esse mesmo tecido decide migrar para fora do útero, instalando-se em lugares onde não deveria estar: ovários, trompas, intestino, bexiga. Cada mês, quando seus hormônios sinalizam a menstruação, esses focos ectópicos também sangram — mas sem ter para onde ir.
O resultado? Inflamação crônica que alimenta a dor e cria um ciclo vicioso de lesão e cicatrização.
Menorragia: Quando o Sangramento Vira Alarme
Aqui está um dos sinais mais marcantes da adenomiose: a menorragia, ou sangramento menstrual excessivo. Estamos falando de fluxos que duram mais de 7 dias, com coágulos grandes e necessidade de trocar absorventes a cada hora ou duas.
Por que isso acontece? Quando o endométrio invade a parede muscular, o útero perde parte de sua capacidade de contrair eficientemente durante a menstruação. É como se os músculos ficassem “travados” por esses focos de tecido infiltrado, dificultando o controle do sangramento.
Na endometriose, o sangramento pode até ser intenso, mas geralmente não atinge o mesmo nível. O que predomina são os sangramentos irregulares e, principalmente, a dor desproporcional ao volume do fluxo.

Dor Pélvica: Diferentes Padrões, Mesma Intensidade
Ambas as condições causam dor pélvica intensa, mas com características distintas. Na adenomiose, a dor tende a ser mais difusa, profunda e constante durante o período menstrual. Muitas mulheres descrevem como uma pressão pesada na região baixa do abdômen, que piora progressivamente ao longo dos dias de menstruação.
A endometriose, por outro lado, pode causar dor em locais específicos dependendo de onde os focos estão localizados. Dor durante relações sexuais (dispareunia), dor ao evacuar ou urinar durante a menstruação, e até dor no ombro (quando há implantes no diafragma) são sinais característicos.
Curioso como a localização da dor pode revelar tanto sobre o que está acontecendo, não é?
Quer saber se sua dor pélvica está relacionada a adenomiose ou endometriose? Converse com nossos especialistas e descubra.
Sinais de Suspeita Que Você Não Deve Ignorar
Alguns padrões podem ajudar você e seu médico a suspeitarem de uma ou outra condição antes mesmo dos exames de imagem.
Suspeite de adenomiose se você apresenta:
Sangramento menstrual progressivamente mais intenso e prolongado, útero aumentado e sensível ao toque durante o exame físico, cólicas que pioram com o passar dos anos, e idade entre 35-50 anos (embora possa ocorrer em mulheres mais jovens). A adenomiose é mais comum em mulheres que já tiveram filhos, possivelmente porque gestações e partos podem criar “portas de entrada” para o endométrio invadir a parede uterina.
Suspeite de endometriose se você apresenta:
Dor que começa antes da menstruação e persiste além dela, dor durante relações sexuais (especialmente na penetração profunda), alterações intestinais ou urinárias cíclicas (que pioram no período menstrual), e dificuldade para engravidar. A endometriose pode afetar a fertilidade mesmo em estágios iniciais, devido à inflamação crônica que compromete a qualidade dos óvulos e a receptividade uterina.

Como Confirmar o Diagnóstico
A ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal é a primeira linha de investigação para ambas as condições. Na adenomiose, o exame pode mostrar espessamento assimétrico da parede uterina, estrias lineares no miométrio e pequenos cistos. O útero frequentemente apresenta formato globoso, como se estivesse “inchado”.
Para endometriose, a ultrassonografia especializada consegue identificar endometriomas ovarianos (os famosos “cistos de chocolate”), implantes profundos em intestino e bexiga, e até comprometimento de ligamentos pélvicos. A ressonância magnética pode ser solicitada para mapear lesões mais complexas.
Vale lembrar que o diagnóstico definitivo de endometriose ainda depende de visualização direta (por videolaparoscopia), mas os exames de imagem modernos têm acurácia superior a 90% quando realizados por profissionais experientes.
Elas Podem Coexistir
Aqui está algo que complica ainda mais o cenário: estudos mostram que cerca de 20-30% das mulheres com endometriose também têm adenomiose. Não é raro encontrar ambas as condições na mesma paciente, o que explica por que algumas mulheres apresentam sintomas tão variados e intensos.
Essa sobreposição reforça a importância de uma investigação completa e individualizada. Tratar apenas uma das condições pode deixar sintomas residuais que comprometem significativamente a qualidade de vida.
Abordagem Terapêutica: Além dos Sintomas
O tratamento convencional frequentemente se resume a analgésicos, anti-inflamatórios e anticoncepcionais hormonais para suprimir a menstruação. E embora essas medidas possam aliviar sintomas temporariamente, elas não abordam os fatores que perpetuam a inflamação e o crescimento anormal do tecido endometrial.
Na Clínica Rigatti, investigamos os desequilíbrios hormonais subjacentes — especialmente o excesso de estrogênio em relação à progesterona, conhecido como dominância estrogênica. Avaliamos também a função hepática (responsável por metabolizar hormônios), a saúde intestinal (que influencia a recirculação de estrogênios) e os níveis inflamatórios sistêmicos.
Protocolos nutricionais anti-inflamatórios, suplementação direcionada, modulação hormonal personalizada e, quando necessário, terapias complementares compõem uma abordagem que trata a raiz do problema, não apenas mascara os sintomas.
A dor pélvica crônica e o sangramento excessivo não são sentenças que você precisa aceitar. Quando você entende o que está acontecendo no seu corpo e age nos pontos certos — hormônios, inflamação, metabolização — é possível recuperar o controle sobre seu ciclo e sua qualidade de vida. Não se trata de conviver com a dor, mas de restaurar o equilíbrio que permite ao seu corpo funcionar como deveria.
Está convivendo com dor pélvica intensa ou sangramento excessivo?
Agende sua avaliação e descubra o caminho personalizado para recuperar sua saúde feminina.



No responses yet