Mulher adulta examinando acne na região da mandíbula em frente ao espelho do banheiro com expressão preocupada

Você já reparou como a pele parece ter personalidade própria em cada década? Aos 15 anos, aquela oleosidade intensa e espinhas que surgem do nada. Aos 30, uma acne persistente que não existia na adolescência. Aos 45, uma combinação confusa de ressecamento e oleosidade localizada. E aqui está o que poucos te contam: por trás dessas mudanças existe um hormônio específico que age como um maestro invisível — o DHT.

A di-hidrotestosterona, ou DHT, é a forma mais potente de testosterona no seu corpo. Ela se liga aos receptores das glândulas sebáceas com uma afinidade cinco vezes maior que a testosterona comum. E quando isso acontece, essas glândulas recebem um sinal claro: produzam mais sebo. Muito mais.

O problema não é o DHT em si — ele tem funções importantes no organismo. A questão é quando sua produção ou sensibilidade dos receptores sai do controle. E isso acontece de formas diferentes dependendo da sua idade, sexo e contexto hormonal.

O Que Acontece Quando o DHT Encontra Suas Glândulas Sebáceas

Pense nas glândulas sebáceas como pequenas fábricas de óleo espalhadas pela sua pele. Elas produzem sebo — aquela substância oleosa que protege e hidrata. Em condições normais, esse sistema funciona perfeitamente.

Mas quando o DHT se liga aos receptores dessas glândulas, a produção dispara. O sebo fica mais espesso, os poros entopem com mais facilidade, e bactérias como a Cutibacterium acnes encontram o ambiente perfeito para proliferar. O resultado? Inflamação, vermelhidão e aquelas lesões dolorosas que parecem nunca cicatrizar completamente.

Estudos mostram que pessoas com acne têm níveis mais elevados de 5-alfa-redutase — a enzima que converte testosterona em DHT — na pele. Não necessariamente mais testosterona circulante, mas sim uma conversão local mais ativa. É como ter uma fábrica trabalhando em ritmo acelerado mesmo quando a matéria-prima está em quantidade normal.

Adolescência: Quando Tudo Começa

Durante a puberdade, a produção de andrógenos aumenta drasticamente — tanto em meninos quanto em meninas. É o momento em que as glândulas sebáceas, que até então eram relativamente tranquilas, recebem seu primeiro grande estímulo hormonal.

Nessa fase, a acne surge principalmente na zona T — testa, nariz e queixo — onde a concentração de glândulas sebáceas é maior. A pele fica visivelmente oleosa poucas horas após a limpeza. Os poros dilatam. As espinhas aparecem em ciclos que parecem imprevisíveis, mas que geralmente seguem os picos hormonais.

O que muitos não percebem é que a severidade da acne nessa idade não depende apenas dos níveis hormonais totais, mas da sensibilidade individual dos receptores. Dois adolescentes com testosterona idêntica podem ter respostas cutâneas completamente diferentes.

Comparação visual mostrando padrões diferentes de acne: zona T na adolescência versus mandíbula e pescoço na vida adulta

Vida Adulta: Quando a Acne Volta (Ou Nunca Foi Embora)

Aqui está algo que frustra muitas pessoas: a acne que deveria ter ficado na adolescência, mas insiste em permanecer — ou pior, aparece pela primeira vez aos 30, 35, 40 anos. E o padrão muda. As lesões migram para a parte inferior do rosto, mandíbula e pescoço. São mais profundas, mais inflamadas, mais resistentes.

Nas mulheres, isso frequentemente está ligado a condições como a Síndrome dos Ovários Policísticos, onde a produção excessiva de andrógenos cria um ambiente hormonal que favorece a conversão em DHT. Mas não é só isso. O estresse crônico eleva o cortisol, que por sua vez estimula a produção de andrógenos pelas glândulas adrenais.

Nos homens, a acne adulta pode estar relacionada a flutuações na testosterona livre — aquela fração que não está ligada a proteínas transportadoras e pode ser convertida em DHT nos tecidos periféricos. Uso de suplementos, treinos intensos sem recuperação adequada, ou simplesmente variações naturais podem desencadear surtos.

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Meia-Idade: O Paradoxo da Pele Mista

Aos 45, 50 anos, algo curioso acontece. A produção geral de hormônios sexuais começa a declinar — tanto estrogênio quanto testosterona. Você esperaria que a pele ficasse menos oleosa, certo? Mas muitas pessoas relatam exatamente o oposto: oleosidade na zona T combinada com ressecamento nas bochechas.

Aqui está o mecanismo: quando o estrogênio cai (especialmente nas mulheres durante a perimenopausa), a proporção relativa de andrógenos aumenta. Mesmo que os níveis absolutos de testosterona estejam menores, a ausência do efeito modulador do estrogênio sobre a pele permite que o DHT exerça efeitos mais pronunciados nas glândulas sebáceas.

Ao mesmo tempo, a capacidade da pele de reter água diminui. A barreira cutânea fica mais frágil. O resultado é essa combinação confusa: poros dilatados e oleosidade em algumas áreas, descamação e sensibilidade em outras.

Mulher na meia-idade aplicando produtos diferentes em zonas de pele mista, mostrando oleosidade na zona T e ressecamento nas bochechas

O Que Realmente Funciona: Abordagem Por Camadas

Tratar acne relacionada ao DHT não é sobre aplicar um creme milagroso. É sobre entender em qual camada está o desequilíbrio e agir de forma estratégica.

Nível Sistêmico: Regulação Hormonal

Quando a produção de andrógenos está genuinamente elevada — como em casos de SOP, hiperplasia adrenal ou resistência à insulina — o tratamento precisa começar na raiz. Isso pode envolver modulação hormonal, controle da insulina através de nutrição específica, ou suplementação direcionada.

Em alguns casos, medicamentos que bloqueiam a conversão de testosterona em DHT (inibidores da 5-alfa-redutase) ou que reduzem a sensibilidade dos receptores androgênicos podem ser necessários. Mas isso sempre sob supervisão médica rigorosa, porque mexer com andrógenos tem implicações que vão muito além da pele.

Nível Local: Controle da Produção de Sebo

Retinoides tópicos continuam sendo o padrão-ouro porque eles não apenas desobstruem poros, mas também regulam a diferenciação das células sebáceas. Ácido azelaico tem ação anti-inflamatória e ajuda a reduzir a produção de sebo. Niacinamida modula a atividade das glândulas sebáceas sem ressecar.

O erro comum é usar produtos extremamente agressivos que removem toda a oleosidade. Quando você faz isso, a pele interpreta como um sinal de emergência e aumenta ainda mais a produção de sebo. É um ciclo vicioso.

Nível Inflamatório: Acalmar o Sistema

A inflamação crônica de baixo grau amplifica todos os efeitos do DHT. Dietas ricas em açúcar e laticínios (especialmente desnatados) estão associadas a piora da acne porque elevam IGF-1, que por sua vez estimula a produção de sebo e a proliferação de queratinócitos.

Omega-3, zinco e vitamina A (quando bem dosados) têm efeitos anti-inflamatórios documentados sobre as glândulas sebáceas. Não são soluções mágicas, mas fazem parte de um protocolo completo.

Quando Investigar Mais a Fundo

Nem toda acne precisa de investigação hormonal profunda. Mas alguns sinais indicam que há algo além de uma pele simplesmente oleosa:

Acne que surge ou piora subitamente após os 25 anos. Lesões concentradas na mandíbula e pescoço. Resistência a tratamentos tópicos convencionais. Presença de outros sinais de excesso androgênico — como pelos faciais aumentados, irregularidade menstrual, ou queda de cabelo no padrão masculino.

Nesses casos, um check-up hormonal completo pode revelar desequilíbrios que vão muito além da estética. Testosterona total e livre, DHEA-S, SHBG, insulina de jejum — cada marcador conta uma parte da história.

A Pele Como Mensageira

Sua pele não está te traindo. Ela está te comunicando algo. Aquela oleosidade excessiva, aquelas espinhas que insistem em voltar, aquela textura irregular — tudo isso é linguagem. E quando você aprende a decodificar essa mensagem, percebe que não se trata apenas de estética.

O DHT elevado ou a sensibilidade aumentada dos receptores androgênicos podem ser sinais de resistência à insulina, estresse crônico não gerenciado, ou desequilíbrios hormonais que afetam muito mais que a aparência. Tratar a pele sem olhar para o contexto hormonal é como silenciar o alarme de incêndio sem apagar o fogo.

Na Clínica Rigatti, entendemos que cada fase da vida exige uma abordagem diferente. Não tratamos acne — tratamos pessoas com acne, considerando sua idade, seu contexto hormonal, seu histórico e seus objetivos. Porque a pele saudável é consequência de um corpo em equilíbrio, não de uma guerra química contra as glândulas sebáceas.

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